O QUE É PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL?

É uma atividade baseada no BRINCAR ESPONTÂNEO e na COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL que permite à criança, ao adolescente, ao jovem e ao adulto expressar suas dificuldades relacionais e ajudá-los a superá-las. O foco é impulsionar o ser humano a BRINCAR COM O CORPO numa vivência simbólica com os objetos (materiais utilizados nas sessões), na interação com os parceiros da brincadeira e consigo mesmo. O brincar é o elemento motivador para provocar a exteriorização corporal, pois entende-se que a ação de brincar impulsiona processos de desenvolvimento e de aprendizagem.

A Psicomotricidade Relacional é uma prática educativa de valor preventivo, com enfâse na saúde e não na doença, possibilita um tempo e um espaço onde o sujeito, de forma espontânea e criativa, possa expressar com liberdade e autenticidade todo o seu potencial motor, cognitivo, afetivo, social e relacional, para que, conseqüentemente, possa melhorar o desenvolvimento global de sua aprendizagem, de sua capacidade de adaptação social e afetiva.

O psicomotricista relacional ajuda, faz a mediação, provoca, escuta, interage com o outro como seu parceiro no jogo simbólico. Realiza a operação inversa, pois tem que ser capaz de detectar o sentido real que se esconde por trás do simbólico, por trás da bincadeira, decodificar a dimensão inconsciente, para poder responder à evolução do jogo simbólico, identificando suas dificuldades e potenciais para poder criar estratégias que contribuam para o seu desenvolvimento global.

Como diferencial  de muitas outras atividades, na Psicomotricidade Relacional, existe uma relação psicomotora que apresenta espontaneamente uma tonalidade AFETIVA, quando não está fechada somente em conteúdos intelectuais, racionais ou em objetivos pedagógicos ou clínicos reeducativos. Por esse motivo o acréscimo da palavra RELACIONAL a esse trabalho de PSICOMOTRICIDADE, porque essa palavra marca a especificidade desse método: nossa atenção e nosso trabalho estão concentrados sobre a RELAÇÃO e mais precisamente sobre o conteúdo simbólico dessa relação.

Atualmente, é um diferencial na atuação profissional, tornando-se indispensável em escolas, clínicas, empresas, terceira idade, entre outros. Está sendo requisitada como uma ferramenta de trabalho revolucionária, por seu modo de abordar as relações e o desenvolvimento humano.

O QUE É PSICOMOTRICIDADE FUNCIONAL?


Sustenta-se em diagnósticos do perfil psicomotriz e na prescrição de exercícios para sanar possíveis descompassos do desenvolvimento motor. A estratégia pedagógica baseia-se na repetição de exercícios funcionais, que são esteriótipos criados e classificados constituindo as famílias de exercícios. O psicomotricista comanda, não interage, ele é apenas o modelo.  São exemplos de exercícios de psicomotrcidade funcional: subir, descer, encaixar, equilibrar-se, etc.

O QUE É PSICOMOTRICIDADE?

"Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas." (Definição da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade).



O CORPO É O PONTO DE REFERÊNCIA DO TRABALHO DE PSICOMOTRICIDADE.

COMO SURGIU A PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL?



A Psicomotricidade Relacional surgiu a partir da década de 70, com o profissional de Educação Física francês, Andre Lapierre, que buscou constantemente o aperfeiçoamento profissional e fez grandes descobertas no âmbito afetivo corporal. O conceito de corpo evoluiu, e abriu-se um espaço significativo no âmbito educativo, possibilitando uma pedagogia baseada na descoberta, no desejo de aprender e no movimento espontâneo.


PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL NA ESCOLA E NA CLÍNICA





PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL NA ESCOLA

O corpo e a aprendizagem caminham juntos! É por meio do corpo que o indivíduo entra em contato com o conhecimento. Do nascimento à idade adulta o corpo registra experiências e sentimentos, automatiza e domina movimentos, amplia sua capacidade de ação e produz padrões culturais de comportamentos. A Psicomotricidade Relacional é uma ferramenta que investe não em dificuldades e sintomas, mas em possibilidades de crescimento e de aperfeiçoamento em que o sujeito potencializa a capacidade de desenvolver globalmente sua personalidade.

 "No que se refere à Psicomotricidade Relacional, podemos dizer que a aprendizagem e o desenvolvimento se produzem pelas formas de relação afetiva com o outro, de acordo com as possibilidades e limites de cada um, em comum acordo." (Vieira, Batista e Lapierre. 2005, p.40)

A Psicomotricidade Relacional tem comprovado sua eficácia em termos de:

COMPORTAMENTO: ajusta positivamente a agressividade, inibição, falta de limites, baixa tolerância à frustração, hiperatividade, etc.

APRENDIZAGEM: desperta o desejo para aprender, eleva o rendimento escolar, minimiza dificuldades de expressão motora ou gráfica, melhora a orientação espacial, apesar da criança apresentar um desenvolvimento cognitivo normal, aumenta a capacidade de assimilar novos conteúdos, aumenta a auto estima, reduz distúrbios de atenção, desenvolve o potencial criativo, etc.

SOCIALIZAÇÃO:  facilita a integração em grupos sociais, potencializa o desejo de participar de atividades grupais, eleva a capacidade para enfrentar situaçãos novas, etc.


O Ministério da Educação (MEC) tenta elevar o padrão educacional das nossas escolas e torná-las um lugar onde o conhecimento circule de forma harmônica e prazerosa. Essa tentativa gera todo um investimento na área de ensino por parte de órgãos oficiais e chega a causar certo impacto social.

No entanto, não observamos um resultado palpável na aprendizagem por parte das nossas crianças. Assim, todo o investimento não chega a atingir ou repercurtir efetivamente nas próprias crianças, pois são projetos descentralizados do que é primordial para o processo de aprendizagem do indivíduo: o investimento no desenvolvimento pessoal.

A cidade de CURITIBA(PR) é a primeira cidade oficialmete a validar por meio de uma Lei Municipal a prática obrigatória das atividades de Psicomotricidade Relacional nas escolas municipais.


A Psicomotricidade Relacional na Escola é uma atividade preventiva que através do jogo simbólico e espontâneo, o educando pode exercitar sua expressividade e autenticidade, qualidades importantes para o desenvolvimento da autonomia e da auto estima, potencializando o desejo para a aprendizagem. "Sua intervenção é em nível do relacional, com repercussões em todo o processo educativo". ( CABRAL, 2001, p. 68).


PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL NA CLÍNICA

É uma prática que atua no plano da saúde de um modo geral, sem perder de vista sua ação terapêutica e preventiva. Por meio da mediação corporal estimula a capacidade relacional, a adaptação sócio-emocional e psicomotora, através do jogo simbólico e da comunicação não-verbal.


"Na Psicomotricidade Relacional as intervenções do Terapeuta Psicomotricista facilitam os processos do desenvolvimento, que de alguma maneira, estão bloqueados ou canalizados de forma improdutiva, impedindo uma vida mais saudável e feliz." (VIEIRA, BATISTA E LAPIERRE, 2005, P. 149).

A Psicomotricidade Relacional na clínica trabalha questões como agressividade, limite, afetividade, inibição, TDA/H (hiperatividade), dificuldades de aprendizagem e atenção, alterações de percepção corporal, autonomia, auto estima, queda de rendimento escolar, dificuldade de expressão verbal ou gráfica, depressão, TOC, medos, dificuldade de integração e participação em atividades grupais, isolamento, falta de iniciativa, passividade, entre outras.

Objetivos principais:

Promover um espaço onde a criança possa expressar suas dificuldades relacionais, ser ouvida e auxiliada na busca da resolução de seus conflitos;

Contribuir para que pais compreendam melhor seus filhos em seus desejos e necessidades e encontrem estratégias mais adequadas para ajudá-los.

Como acontece?

Entrevista/conversa com os pais;

Encontro/contato com outros profissionais que trabalham com a criança ou adolescente;

Sessões de Psicomotricidade Relacional uma vez por semana(inviduais ou em grupos);

Encontro com os pais periodicamente para acompanhamento, orientações e avaliação do processo de trabalho.




Sugestões de Leitura:

CABRAL, Suzana V. Psicomotricidade Relacional: prática clínica e escolar. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
DOLTO, Françoise. A Imagem Inconsciente do Corpo. 2ed. São Paulo: Perspectiva, 2004.
GALLAHUE, David L.Compreendendo o Desenvolvimento Motor.3 ed. São Paulo: Phorte,2005.
LAPIERRE, André & AUCOUTURIER, Bernard. Fantasmas Corporais e Práticas Psicomotoras. São Paulo, Manole, 1984.
LAPIERRE, André. Da Psicomotricidade Relacional à Análise Corporal da Relação. Curitiba, UFPR/CIAR. 2002.
LAPIERRE,Andre. Aucouturier, Bernard. A Simbologia do Movimento: Psicomotricidade e Educação.3 ed. Curitiba: Filosofart, 2004.
LE BOULCH, Jean. Educação Psicomotora: a psicocinética na idade escolar. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
SHILDER, Paul. A Imagem do Corpo: as energias construtivas da psique. 3ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
VIEIRA, José Leopoldo, BATISTA, M. Isabel Batista, LAPIERRE, Anne. Psicomotricidade Relacional: a teoria de uma prática. Curitiba, Filosofart/CIAR, 2005.